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terça-feira, 5 de julho de 2011

ENTRANDO NO QUARTO PARA FALAR COM DEUS

Entrando no quarto para falar com Deus
5."E quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas. Eles gostam de ficar orando em pé nas sinagogas e nas esquinas, a fim de serem vistos pelos outros. Eu lhes asseguro que eles já receberam sua plena recompensa.

6.Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está no secreto. Então seu Pai, que vê no secreto, o recompensará.

7.E quando orarem, não fiquem sempre repetindo a mesma coisa, como fazem os pagãos. Eles pensam que por muito falarem serão ouvidos.

8.Não sejam iguais a eles, porque o seu Pai sabe do que vocês precisam, antes mesmo de o pedirem. (Mateus 6:5-8)


Já li esse texto acima inúmeras vezes e ele sempre me chamou a minha atenção porque nele Jesus fala de oração como um momento de conversa íntima com Deus. Ao mesmo tempo Jesus denuncia aquelas práticas religiosas dos fariseus cheias de hipocrisia. No entanto, hoje nessa minha extensa e calma leitura que venho fazendo do sermão do monte, surgiu um novo questionamento. Jesus fala para entrar no quarto quando alguém for falar com o Pai. Pergunto-me que quarto é esse de que Jesus fala? Sobre isso eu quero partilhar algumas reflexões.

Na primeira parte do texto Jesus ensina como não se deve orar. Não devemos orar como oram os hipócritas. Estes procuram apresentar uma prática de oração que lhes promova uma boa imagem. Quantas vezes não se vê rasgados elogios nos púlpitos das igrejas aos irmãos que oram, vão a todas as reuniões religiosas e fazem eloqüentes orações e discursos frente aos irmãos. Nem todos os que fazem esse investimento fervoroso estão sendo falsos, mas em grande parte das vezes, com intenção ou ingenuamente o que tais irmãos querem é a aprovação de seus pares, das pessoas de sua comunidade religiosa. Daí o risco de tanto fervor ser hipocrisia, pois o que os move aí é o desejo de demonstrar muita espiritualidade aos outros e quase nunca sabemos o que pode haver por trás dessa prática de oração que Jesus ensina a não praticar.

No versículo seis Jesus ensina que quando tivermos o desejo de orar devemos ir ao nosso quarto secretamente e contar para Deus nossos segredos, pois Ele sabe de tudo sobre nós. Podemos conversar abertamente com Deus sem apreensões, pois ele nos conhece bem. Não há necessidade de avisarmos alguém: “não me incomode, pois eu vou orar”. Em sendo segredo, essa atitude ao que Jesus leva a entender deve ser discreta, espontânea e sem alardes.

O versículo sete nos chama atenção para as repetições. Já vi muitos evangélicos e católicos dizerem que orar ou rezar é falar com Deus. Os primeiros geralmente criticam os segundos alegando que estes só repetem orações decoradas. Eu mesmo já fiz críticas. No entanto, o que tenho ao visto ao longo de minhas experiências religiosas nesses dois grupos é que não há muita diferença entre um e outro. As orações que dependem dos mesmos lugares (os mesmos templos), os discursos que sempre pedem as mesmas coisas. Os clamores que só podem mais parece esperneio de meninos mimados que têm sua vontade contrariada do que uma conversa franca com Deus. Conversas podem até repetir alguns conteúdos, mas é sempre uma nova conversa. Imagine-se que coisa chata ouvir sempre a mesma coisa. Qualquer pessoa há de convir que torna-se sacal ouvir historias, palavras, pedidos repetidas vezes.

Ao final Jesus destaca “não sejam iguais a eles” (v.8). Ou seja, não cometam esses mesmos equívocos. Não pensem que a oração se reduz aos discursos que vocês aprendem nos ambientes religiosos. Deus sabe de todas as coisas, da tua vida e você pode se abrir com ele espontaneamente sem precisar de um momento “montado” (uma reunião religiosa, por exemplo). Não há necessidade de um palco para que você converse com Deus. Antes é necessário um quarto reservado em que sua conversa particular com Deus nem precisa ser percebida pelos outros, pois só interessa a vocês dois: você e o Pai.

A afirmação do verso seis onde Jesus orienta a ir para o quarto me provocou alguns questionamentos. Entendi que Jesus estava falando da discrição no momento de orar, mas eu fiquei me perguntando sobre qual seria o quarto mais ideal para conversarmos com Deus. Afinal, rodeados que somos de pessoas no trabalho, na religião em casa ou em qualquer outro lugar é sempre difícil ter essa reserva. Foi aí que comecei a “pinçar” algumas idéias que quero compartilhar.

Quando Jesus fala do quarto está falando de um lugar de intimidade que não está aberto a qualquer pessoa. Apenas pessoas íntimas entram em nosso quarto. Quando vamos à casa de alguém, não entramos nesse compartimento da casa se formos convidados e se tivermos intimidade para tal. Aliás, educadamente, não entramos nem mesmo na casa se não recebermos o convite. Isso esta claro para mim, mas uma questão me inquietava: como deve ser esse quarto? Onde encontrar esse quarto.

Acredito que obtive uma resposta do Espírito Santo. Esse não é um quarto literalmente falando. Não se trata de um compartimento de tijolos, pois nunca conseguimos um lugar plenamente reservado assim. Esse quarto seria mais uma metáfora do Mestre para nos ensinar coisas profundas. Qual o quarto (o ambiente) mais ideal para que possamos conversar com Deus em segredo, abertamente e sem a preocupação de sermos incomodados? Fui mais longe: qual o melhor lugar onde eu possa me reservar o máximo possível para falar com Deus? A essa altura o leitor já deve está pensando: esse lugar não existe na terra. Eu diria que existe.

Se pensarmos numa dimensão material jamais será possível encontrar um lugar ideal, reservado mesmo. No entanto, depois de tanto ruminar esse texto cheguei à conclusão de que o quarto não tem nada a ver com estrutura física, mas com o nosso interior. Ali onde ficam nossos medos, dúvidas, desejos, erros e acertos. Ali onde ninguém é capaz de saber com precisão o que se passa, exceto o Pai. Ali podemos conversar tranquilamente com Ele. Somente nós e Ele sabemos o conteúdo da conversa. Cheguei a essa resposta lembrando-se das muitas experiências de oração e louvor a Deus que já tive em lugares movimentados (, na rua, em filas de ônibus, no próprio ônibus, reuniões etc.). No entanto, em muito desses momentos tive cada conversa com Deus que não contaria para nenhuma outra pessoa. Era segredo, discreto e seguro. Por dezenas de vezes foi possível até criar alguma composição musical. Falava muito com Deus e o ouvia também nessas ocasiões secretas com deus em meio a multidões que não tinham como saber os altos papos que rolavam entre eu e o Pai. Desde então, compreendi que não há uma forma, um lugar físico, uma estrutura, um jeito certo de orar. Se orar é conversar em secreto com Deus, nosso interior, a nossa intimidade que nenhum ser humano pode perscrutar é o melhor lugar. Assim, ainda que estejamos no meio de multidões, é possível conversar com Ele a sós, em particular.

Aleluia! Aleluia! O Pai seja exaltado. Ele me ensinou algo libertador: não preciso de fórmulas, lugares específicos, palavras ensaiadas para falar com Deus. Há um lugar mais perto, mais acessível onde posso “despir-me” (abrir o meu coração) e ainda assim não serei visto ou ouvido por ninguém, senão por aquele que se inclina para ouvir nossas orações.

Um comentário:

  1. Lindo texto, me edificou também! Amém!! Deus te abençoe irmão Edilmar e continui escrevendo!!!

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