Bem aventurados os humildes, porque deles é o reino dos céus (Mateus 5:12)
HUMILDES DE ESPÍRITO
Arrisco-me a escrever aqui alguns insights do ensino do monte, a aula de relações interpessoais do Mestre Jesus. Antes preciso esclarecer que são apenas insights porque sou apenas um itinerante querendo conhecer o Mestre. Não me julgo um pleno conhecedor de sua pessoa, mas um apaixonado que deseja conhecê-lo por reconhecê-lo como inspiração maior para a vida, fonte de virtudes e valores que nos tornam pessoas melhores e mais felizes. Portanto, exponho aqui minhas leituras pessoais sem a intenção de me julgar dono ou sabedor da verdade absoluta sobre Jesus. Apenas coloco aqui o que penso e o que creio, como entendo.
O que quererá o Mestre falando de humildade do espírito? Aliás, parece-nos que o mestre menos fala e mais pratica a humildade. Isto se torna claro quando lemos as narrativas da história de Jesus. Mas cabe repetir a pergunta: o que estaria querendo Jesus com essa conversa sobre humildade? Estaria ele nos dando a fórmula sobre como tornar-se uma pessoa humilde ou o método para entrar no céu. Afinal disse é deles é o reino dos céus. Mas deles quem? Dos humildes de espírito. Puxa! Mas a questão ainda não se resolveu. Quem são esses tais.
Se nos reportarmos aos evangelhos e olharmos para a própria história do Mestre e seus ensinos, veremos que ele é o exemplo máximo de humildade. Ora, sendo ele Rei dos reis, poderoso para fazer coisas extraordinárias, ele simplesmente opta por um estilo de vida ameno.
Sim, porque enquanto poderia olhar para as multidões e dizer ‘não estou nem aí’ como diria um cearense da gema. No entanto, ao invés de se eu perguntar ‘ e eu com isso?’, ele relega a sua glória e vai ao encontro dos imundos, dos moribundos, dos pecadores, dos doentes e tudo o mais que um rei de sua importância talvez não devesse se importar.
Assim, pautando-se na vida humilde do Mestre, a idéia de humildade parece ter mais a ver com a capacidade de condoer-se pelos outros e motivado pela dor do outro, ser capaz de se articular para fazer alguma coisa. Ser humilde parece significar ser capaz de “descer ao nível” ou de procurar sentir e vê as coisas sob o ponto de vista do outro. Não teria sido assim quando parou e ouviu o clamor do cego de Jericó? (Mateus20: 29-34). Ou quando acolheu a adúltera que estava prestes a ser apedrejada? (João 8:1-11). Mais ainda quando tocou e não apenas curou o leproso que nele enxergava uma luz no fim do túnel (Marcos 1:40-45). Nestas e tantas outras situações o Mestre não apenas mostra, como também vivencia a humildade.
Mas a humildade de que o texto fala é de espírito? E o seria isso?
A origem dessa palavra tem a ver com sopro ou fôlego de vida. Ensinam as Testemunhas de Jeová que o espírito é isso mesmo, o fôlego de vida que Jeová nos deu. Os discursos protestantes e católicos apontam que espírito refere-se à vida interior. Ou numa linguagem mais paulina, o espírito é o homem interior, seja o velho antes de conhecer a Cristo seja o novo após o encontro regenerador com Cristo. De uma forma de outra se percebe que espírito relaciona-se mesmo com a interioridade do ser.
Voltando ao ensino do monte e tomando por base essa idéia de espírito, talvez se possa afirmar que a humildade de espírito de que Jesus fala não se trata de atitudes exibicionistas que procuram mostrar uma humildade que não existe. Quando, por exemplo, uma pessoa fala que não sabe de nada, mas ao mesmo tempo impõe sua visão como se fosse a única e a última. Ou quando afirma que é um humilde servo, porém, age como um senhor que manipula as pessoas com retóricas ensaiadas e as subordina a atender as suas vontades e caprichos.
Enfim, quem seriam os humildes de espírito? Seria presunção demais de minha parte se ousasse fazer aqui uma lista de atitudes do que seria humildade de espírito. Há quem encha o peito e diga que é humilde de espírito. Ou mesmo que não o diga se imagina consigo mesma. Ao pensar assim, tais pessoas, já deixam descer por água abaixo a sua suposta “humildade de espírito”. Imagino que os humildes de espírito sequer se reconheçam como tal, pois ele o é interiormente e no seu cotidiano é que talvez possamos identificá-lo.
Bom! Eu não conheço nenhum humilde de espírito em sua essência. Apenas acredito que Jesus vem a ser o exemplo vivo de humildade de espírito. Acredito também que atentar para as suas atitudes, mas que para as suas palavras possa ser uma boa dica de aprendizagem da humildade de espírito. Podemos seguir o conselho do Mestre: “vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e achareis descanso para a vossa alma (Mateus 11:29). Estou nesse barco e quem sabe um dia eu possa ser uma pessoa humilde de espírito. Querido Jesus inspira-nos e ensina-nos com as tuas atitudes. Que as nossas mentes estejam mais atentas ao teu viver e possamos amar como nos amaste, viver como viveste e procurarmos ser humildes de espírito.
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